Ser intenso é complicado. Pouquíssimas são as pessoas
que sabem lidar com essa forma de sentir. Se você está triste, você chora como
se o mundo estivesse acabando. Se você está feliz, você comemora com os 4
cantos do universo. Se você está com raiva, a única coisa que falta é sair fogo
dos seus olhos. Se você ama, você sente tudo isso ao mesmo tempo e tem que
saber administrar, para não fazer quem está do seu lado ir embora.
O problema é
esse. Nós, os intensos, não controlamos nada. A palavra "controle"
não está no nosso vocabulário. Nem sabemos o que ela significa. E, por essa
razão, somos os que mais se machucam e se decepcionam com as pessoas. Falamos
que perdemos as esperanças, que não queremos mais nada com ninguém e que a vida
é bem melhor de ser vivida individualmente, cada um com seus botões
(intensidade, lembra?). Mas quando nos damos conta, lá estamos nós com nossos
sentimentos a flor da pele novamente. Ouriçados, querendo loucamente cativar
quem está perto. E o que acontece? Acabamos espantando todos.
Hoje em dia as
pessoas não estão interessadas em sentimentos. Elas querem farra, querem gastar
todo o salário do mês em festas para "passar o rodo", "pegar
geral mas não se apegar", "causar", mas o que elas não querem de
jeito nenhum é "sentir". Viver de momentos não é viver, viver de
momentos não é curtir a vida, viver de momentos é apenas estar existindo, na
esperança de que em algum dia algo interessante ou divertido irá acontecer, e
aí sim, de uma hora pra outra, todos estão felizes, cantando, dançando,
bebendo, rindo...sentindo. Mas aí a festa acaba, a música para, o copo fica
vazio, aquela piada não tem mais graça...
Com os intensos a história é outra.
Sentimos tudo, o tempo todo. E muitas vezes a culpa não é nossa. As pessoas
despertam nossos sentimentos. Nos fazem ver a vida com brilho nos olhos. Nos
fazem rir quando estamos tristes. Nos fazem bem quando estamos mal. Nos fazem
cócegas quando estamos com raiva...
...nos fazem chorar quando estamos
felizes. Nos fazem sentir mal quando estamos bem. Nos deixam com raiva quando
estamos nos divertindo.
Pois é. Elas têm o poder de curar e também o de ferir
cruelmente e não fazem ideia disso. Não temos culpa de sermos intensos. E do
mesmo modo, não temos culpa de sermos rasos. Não temos culpa de depositar
confiança em quem não saberá valorizar. Muito menos temos culpa se sentir a
vida da forma que sentimos.
Mas uma coisa é certa: nessa briga de cão e gato,
os dois saem feridos, a diferença é que um apenas vai se dar conta disso quando
for tarde demais e a ferida tenha se tornado algo mais grave que,
provavelmente, tenha um nome científico daqueles que aprendemos nas aulas de
biologia, mas aqui, eu o chamo de "arrependimento".".